sexta-feira, 9 de junho de 2017

Ceridwen

SÍNTESE


As referências mais famosas feitas e ela estão nas poesias medievais do País de Gales nas quais ela é descrita como a possuidora do Caldeirão do "Awen" (Inspiração Poética) e isso é ilustrado especialmente pelo conto de Taliesin onde seu servo (Gwion Bach) renasce como um poeta após ingerir o conteúdo do caldeirão (o "awen"). Os relatos medievais que a cercam a relacionam como o Lago Bala (Llyn Tegid) no Norte do País de Gales, normalmente mencionada como "A Encantadora" nas lendas.

ETIMOLOGIA


Pronuncia-se Keridwen [queriduin]

Sir Ifor Williams traduz as ortografias que podem estar relacionadas a Kerdwen que é Cyrridven que é citada no Livro Negro de Carmarthen e, segundo Williams, significaria "mulher torta". "Ven" provavelmente significa "mulher" ou "fêmea". Se Wen não é uma variação dos anteriores seu significado está atrelado a Gwyn que significa "justo", "amado", "abençoado" ou "sagrado" comumente sufixado aos nomes de mulheres santas (ex.: Dwynwen. Na etimologia e literatura datadas do século XIX os nomes Ked ou Ket e os que variam dos mesmos f
Ceridwen (ChristopherWilliams,1910)
oram considerados atrelados a Ceridwen.


LENDA


De acordo com os contos do final da Idade Média, especialmente o Conto de Taliesin, incluídos em edições modernas do Mabinogion, o filho de Ceridwen, Mofran (Também chamado de Afagddu), possuía uma feiura exorbitante e por isso Ceridwen buscou caminhos para compensar isso tornando-o sábio e fez uma poção em seu caldeirão para conceder o dom da sabedoria e inspiração poética ("Awen") que tinha que permanecer fervendo por 13 luas. Ela confiou a Morda, um cego, a vigilância da mistura e também para manter o fogo alimentado e confiou a Gwion (seu servo) a responsabilidade de mexer a poção, mas o jovem distraiu-se por um momento e terminou agitando demais a mistura fazendo com que 3 gotas respingassem sobre seu polegar que foi levado automaticamente a boca para aliviar o ardor da queimadura concedendo a ele toda a sabedoria que Ceridwen pretendia dar para o filho e o resto da poção que sobrara agora era veneno fatal. Gwion fugiu, pois sabia que sua mestra ficaria furiosa, ela o perseguiu e ele, utilizando-se dos poderes da poção, transformou-se numa lebre, ela tornou-se um galgo, então ele tornou-se um peixe e pulou no rio. Ela tornou-se uma lontra, então ele tornou-se um pássaro, logo ela tornou-se um falcão, por fim, ele - sem saída - transformou-se em um único grão, ela tornou-se uma galinha e com seus poderes feiticeiros encontrou o grão e o comeu. Mas o poder da poção não permitia que ele fosse destruído e quando Ceridwen ficou grávida ela sabia que a criação que nasceria seria Gwion e quis matar a criança quando ele nasceu, mas a beleza dessa criança era tão encantadora que fascinou a própria feiticeira que não conseguiu fazer-lhe nenhum mal por hora, mas conseguiu coloca-lo dentro de um saco de couro e lança-lo ao oceano, contudo, nem mesmo assim a criança morreu e foi resgatada em um costa galesa pelo príncipe Elffin Ap Gwyddno, então, com os anos o bebê tornou-se o lendário bardo Taliesin.

- Roberto Trinovantes

sábado, 20 de maio de 2017

RHIANNON - Nossa Padroeira

SÍNTESE:


> Senhora do Clã - Deusa Padroeira - Rainha dos Trinovantes (...)

Em algumas tradições de Bruxaria Tradicional a existência de uma divindade padroeira é muito comum, isso se dá por conta da natureza do ofício bruxo..., mas antes de prosseguir com esse texto preciso alertar para que não misture as coisas, alguns covens do Wicca escolhem uma divindade que vai está a frente do grupo ou realizam técnicas neo-xamânicas (viagens imaginativas ou jornadas psíquicas...) para afirmar que tal divindade se "revelou", na Bruxaria Tradicional é diferente, pois é uma questão de tradição mesmo e de evidências históricas. Não confunda também com divindade regente, existe uma diferença enorme entre um regente (lunar ou de uma casa) para um padroeiro.

Uma divindade padroeira rege o Clã e o Clã é dirigido pela sua essência espiritual e energética, é a força ancestral e divina que orienta e protege o Clã, e para ela que o ofício bruxo é primeiramente devotado dentro do Clã. A natureza do ofício bruxo está no culto afunilado onde o bruxo tradicional dedicava seu caminho na relação com ela, não enquanto servo (que isso esteja, claro!), mas enquanto um ser que admira outro e quer aprender com sua essência.

O símbolo-animal dos trinovantes é o cavalo, em suas moedas e em vários outros achados o cavalo está presente. Como se pode perceber este mesmo animal está presente no brasão do nosso Clã representando a manifestação de sua essência divina, ou seja, Rhiannon.


RHIANNON:


Ela é uma entidade muito importante no Mabinogi (conjunto de manuscritos medievais da história do País de Gales e Grã-Bretanha) aparecendo na primeira e terceira parte do mesmo. É caracterizada como uma mulher do Outro Mundo e mentalmente forte que escolhe o príncipe de Dyfed (oeste do País de Gales), Pwyll, como seu marido, preferindo ele em vez de outro homem a quem está prometida. Famosa pela sua inteligência, talentos de estratégia (especialmente na política), e, também por sua riqueza e generosidade. Seu primeiro filho com Pwyll foi o herói Pryderi que em outros tempos ocupa o trono de Dyfed. Décadas depois, Pwyll morre, e ela se casa com Manawydan estabelecendo laços com a família real britânica.

Na primeira parte do Mabinogi Rhiannon é fortemente relacionada com os cavalos assim como seu filho Pryderi, alguns estudiosos a relacionam com a deusa Epona por conta de algumas semelhanças como a questão de ser representada junto com seu filho como uma égua e um potro. Contudo, o historiador geral Ronald Hutton é cético quanto a este ponto.


MITO:


Mabinogi - Parte 1:

Sua história está atrelada ao ancestral monte Gorsedd Arberth localizado próximo ao centro de Dyfed (no País de Gales), ela aparece nesse monte para o príncipe Pwyll e sua corte enquanto uma maravilha prometida e também como um ser do Outro Mundo, ela apareceu montada em um cavalho branco brilhante como uma belíssima mulher vestida de brocado e seda dourada. Rhiannon é muito rápida ao galopar, por isso Pwyll seleciona seus melhores cavaleiros para competir com ela e todos acabam por perder, então o próprio príncipe decide competir com ela e também é vencido.

Ela revela a Pwyll que o procurou para casar-se com ele, e, claro, ele concorda, mas ela fala que estava prometida a outro homem chamado Gwawl, mas que não desejava casar com ele. Quando é chegado o dia da festa de casamento Gwawl disfarçado faz com que Pwyll dê sua palavra de que realizaria qualquer desejo dele, é quando Gwawl se revela e diz que seu desejo é Rhiannon. Ela é levada por ele, mas repreende Pwyll por suas estúpidas promessas. Talentosa quando o assunto é estratégia ela planeja com Pwyll e seus soldados uma emboscada para Gwawl no dia da festa do casamento com ele, no dia ela encanta um saco para que o que seja colocado dentro do saco cai dentro de um vácuo sem saída, Pwyll se disfarça de mendigo e entra na festa com o saco em mãos pedindo para que Gwawl coloque comida no saco, nesse momento os soldados de Pwyll cercam Gwawl que para salvar sua vida é obrigado a renunciar a Rhiannon e a sua vingança para sempre. Naquela mesma noite ela se casou com Pwyll e retornou para Dyfed como sua rainha.

Passam alguns anos felizes juntos até que Pwyll passa a ser cobrado pelos seus nobres para que gere um herdeiro, ele vinha tentando durante esses anos, mas ainda não havida dado resultado então os nobre pediam que ele deixasse Rhiannon. Pwyll se nega a deixar sua amada e três anos depois nasce Pryderi. A alegria não dura muito, pois, por conta de um deslize das cuidadoras do recém-nascido, o menino desaparece. As empregadas que cuidavam da criança, com medo de serem mortas, matam um cachorro e - enquanto Rhiannon dormia - melam o rosto da rainha com o sangue do cão fazendo com que no dia seguinte ela seja acusada de ter assassinado o próprio filho e ter cometido ato de canibalismo. O conselho do reino decide que Rhiannon deve ser punida e os nobres novamente protestam contra o casamento dela com Pwyll exigindo que ele a deixe, ele se nega e se oferece para ser punido no lugar dela, mas ela é punida a contar sua história todos os dias para os viajantes e, embora nem todos aceitassem, se oferecer para leva-los em suas costas como burro de carga.

O senhor de Gwent Is Coed, sudeste do País de Gales, Teyrnon é quem acaba resgatando o recém-nascido. Ele era dono de várias éguas que costumavam das a luz a potros na época das luas do sangue e da semente (Beltane), ao observar um potro que acabara de nascer viu uma mão monstruosa tentar capturar o animal e a cortou com sua espada, correu e viu que tinha ferido um monstro que escapou deixando uma criança recém-nascida. Ele acolheu a criança e junto com sua esposa quis dar ao menino um nome e o seu sobre nome: Gwri Wallt Euryn (Guri significa "o de cabelo dourado"), o menino cresce de sobre sobre-humana até Teyrnon - que, no passado, trabalhou para Pwyll - percebe a semelhança do menino com seu pai e resolve leva-lo para a casa real em Dyfed devolvendo-o.

Com seus filhos nos braços finalmente Rhiannon faz a sua nomeação de forma tradicional com um jogo de palavras que formara o nome Pryderi que teve origem em palavras como "cuidado", "perda", "entregue" ou "preocupação". Em seu devido tempo Pwyll morre e Pryderi assume o trono de Dyfed e casa-se com Cigfa de Gloucester.

Mabinogi - Parte 3:

Ao retornar das terras irlandesas Pryderi é um dos sete sobreviventes dos desastres ocorridos lá, ele e seu grande amigo Manawydan, juntos cumprem o dever de enterrar a cabeça do rei morto da Grã-Bretanha em Londres (Bran the Blessed) para manter o país protegido das invasões, contudo, o sobrinho de Manawydan, Caswallon, aproveitou a ausência deles e usurpou o trono da Grã-Bretanha. Mas Manawydan estava cansado de guerras e não desejava travar batalhas pelos seus direitos reais, Pryderi o recompensou com seus feitos dando-lhe terras em Dyfed e tramando o casamento do melhor amigo com sua mãe, Rhiannon, que casaram-se com amor e respeito. Pryderi herdou de sua mãe os talentos estratégicos na política e teceu homenagens ao usurpador (Caswallon) em Dyfed para evitar sua qualquer hostilidade.

Nessa parte do Mabinogi Manawydan torna-se, junto a Rhiannon, Pryderi e Cigfa, um dos personagens principais.


ETIMOLOGIA:


Rhiannon deriva, provavelmente, do brittonic reconstruído Rigantona que deriva de Rigan - rainha.


ENDEUSADA:


Rhiannon está tradicionalmente atrelada a três pássaros míticos conhecidos como "aqueles que acordam os mortos e acalmam os vivos até eles dormirem", são os Adar Rhiannon (pássaros de Rhiannon) que são citados na segunda parte do Mabinogi nas tríades da Grã-Bretanha e de Culhwch ac Olwen, e, para muitos, esse é um forte indicio de que Rhiannon é uma deusa do antigo politeísmo celta. Há, claro, autores como WJ Gruffydd (escreveu Rhiannon, 1953) e Proincias Mac Cana  que afirmam haverem mais alegações que testificam este fato.


- Roberto Trinovantes

domingo, 14 de maio de 2017

Beli Mawr

PAN-CÉLTICO:


Quando é dito que uma divindade é "pan-céltica" isso quer dizer que esta divindade existe em várias tradições célticas, o nome da divindade geralmente é semelhante, mas ainda é diferente assim como é diferente também a forma de compreendê-la e de trabalhar com ela naquela tradição, ou seja, diversos aspectos energéticos mudam em virtude da ancestralidade daquela tradição. Por isso, o sincretismo não é algo positivo, mesmo que seja dentro do mesmo panteão, é algo que enfraquece a manifestação da divindade a nível energético e espiritual. Não é divindade que é "fraca", mas o que o humano faz com as memórias ancestrais referentes a mesma (sincretismo) dissipa a ligação do conjurador com a verdadeira essência antiga daquela divindade.

SÍNTESE:


Beli Mawr é conhecido em outras tradições como Belenos, Belinus e Bel. Se tornou o patrono da cidade italiana de Aquileia no séc. III, suas memórias mais antigas são irlandesas onde é compreendido como deus-Sol, na Tradição Britânica Beli é o primeiro ancestral, ou seja, o primeiro a tornar-se um espírito da terra estando fortemente atrelado ao Reino dos Mortos e ao Outro Mundo. Na Tradição Britânica a lua que ele rege desponta sempre no período do Beltane, mas muitos o associam a este festival do fogo de forte ancestralidade irlandesa em virtude das três primeiras letras do título: BEL. Seu animal é o cavalo e seu símbolo é a roda de oito raios.

ANTIGOS CULTOS:


Existem mais de 50 inscrições dedicadas a este deus que são encontradas principalmente em Aquileia, Noricum e Galia Narbonensis, mas também na Grã-Bretanha e Ibéria. As representações da imagética desse dele geralmente o retratam com uma fêmea ao seu lado que estudiosos pensam ser a deusa Belisama (ao meu ver a teoria só está errada na escolha da divindade feminina).

Belenus é identificado como deus nacional de Noricum nos inscritos de Tertuliano datados de 200 AEC. No século III os imperadores romanos Diocletian e Maximian dedicaram inscritos a este deus em Aquileia. Nas cidades de Altinum, Concordia e Lulium Carnicom foram encontradas mais seis inscrições votivas à Belenus. Maximus Thrax sitiou a cidade de Aquileia em 238 com batalhões de soldados que afirmaram ter visto uma aparição do deus defendendo a cidade.


ETIMOLOGIA:


Existem diversos apontamentos incertos sobre a etimologia do nomes deste deus. A mais coerente é: Guelenos do proto-celta que significaria "fonte, poço" o que pode ter relações com fontes de conhecimento, o Outro Mundo e, com certeza, com a sabedoria ancestral. Beli Mawr, do galês, significa "Beli, o Grande".


NOMES E SUAS DERIVAÇÕES:


Llywelyn é um nome galês que combina Llew e Beli.
Cunobelinus foi o nome de um rei britânico que significa "cão de Belinus", houve também um rei chamado Belinus em Geoffrey of Monmouth que é citado em Histórias dos Reis da Grã-Bretanha.
Diodorus Siculus nomeado Cornwall (Cornovii que está relacionado com "chifre") Belerion foi o primeiro nome de lugar gravado nas Ilhas Britânicas.


- Roberto Trinovantes

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Arianrhod

Síntese


Pronúncia Original: Aryanrod

Citada (assim como seu filho Lleu) na quarta parte do Mabinogi (conjunto de manuscritos antigos da Grã-Bretanha referentes a mitologia local) onde é contado que ela (Arianrhod) é filha da deusa-mãe Dôn e irmã de Gwydion e Gilfaethwy, e também mãe de Dylan (deus dos mares superficiais) e Lleu (deus solar da luz), ambos nascidos de forma mágica.


Etimologia


Arianrhod (do galês arian "prata", e rhod "roda") com raiz no Proto-Celta Arganto-rotã que significa "roda de prata".


MITO


Na quarta parte do Mabinogi nos é contado que o tio de Arianrhod, Math Math, morreria se não mantivesse seus pés sobre o colo de uma virgem quando não estivesse em guerra, Gwydion sugere a sua irmã Arianrhod que faça o teste de virgindade para a função, o tio determina que isso deverá ser feito passando por cima de sua vara mágica, contudo, quando ela o faz termina por dar a luz a Dylan e, em seguida, a uma entidade menor que mais tarde tornar-se-ia Lleu, isso a deixou muito envergonhada e ela saiu do local correndo e deixando os dois filhos para trás. Dylan une-se ao mar por ser um espírito pertencente ao mesmo, faz isso logo após passar pelo ritual de abertura (um tipo de batismo). Lleu era muito pequeno e por isso foi guardado em um baú pelo seu tio Gwydion só saindo de lá quando cresce sobrenaturalmente em quatro anos tendo o tamanho de uma criança de oito anos.

Gwydion leva Lleu ao Caer Arinrhod, ou seja, a casa de sua irmã, mas ela não gosta da visita, pois ainda lembra-se da vergonha que passou naquele teste de virgindade. É nesse momento que ela lança sobre o menino um tynged (ou geis, maldição) para que ele nunca tenha um nome, contudo, mais tarde Gwydion contorna isso com suas armações e disfarces, assim como o faz com as outras duas tyngeds que ela vem a lançar sobre o filho para que ele não tenha armas e também para que não tenha uma esposa, ambas contornadas pelo seu irmão Gwydion (vide o mito de Lleu nesse mesmo blog).

- Roberto Trinovantes
Magister do Clã Trinovantes

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Iª Integração do Clã Trinovantes


1. Para Recife e Região (Pernambuco)


A Integração (recepção de novos membros) é realizada em 3 estudos introdutórios à Bruxaria Tradicional e à Tradição Britânica Continental:


1. "O que é Bruxaria Tradicional?"

Abordagem introdutória, contudo, mais aprofundada e interativa a respeito das variantes do termo Bruxaria Tradicional (BT), desde seus ramos históricos (Clássica/Folk, Medieval, do Séc. XVII, Mesclada ou MesoBT e Tradicionais Modernos) até suas diversas Tradições. Diferenciação entre Wicca (tradicional ou não) e BT.



2. "Significado do Paganismo"

Nesse estudo falaremos sobre o uso do termo "pagão" e onde ele realmente se insere tradicionalmente, mergulharemos na epistemologia do politeísmo nos afastando das ideias universalistas, dualistas ou monoteístas sobre os Deuses, discutiremos sobre vertentes politeístas e politeísmo tradicional e sua natureza plural-divina.


3. "O Ofício Bruxo"

No terceiro estudo começamos a entrar nos mistérios da BT, digamos que o caminho começa a ser iluminado em seu início, é nele que desconstruiremos diversos entendimentos modernos sobre o que é "ser bruxo/a" e abordaremos tópicos polêmicos como "a Bruxaria é uma religião?", "há sacerdócio na Bruxaria?", "o que a Bruxaria tem a oferecer para o mundo?", "Há uma missão bruxa?" (...). A desconstrução se dá principalmente na separação e diferenciação entre a religião estatal/social e o ofício bruxo.

https://www.facebook.com/groups/btrecife/

DO PRAZO: Novos interessados/as podem se juntar a nós até o estudo 3, contudo, é mais favorável estar conosco o mais cedo possível para compreender melhor como as coisas funcionam na Bruxaria Tradicional, na Tradição e no Clã.


REQUISITOS: Para participar não é cobrado nenhum custo apenas o compromisso sincero dos interessados em estar conosco não somente nesses 3 primeiros estudos, mas também nos demais que continuarão a ocorrer de forma mais profunda mensalmente e sempre aos domingos (os ciclos de estudos teóricos do clã duram em média um ano e meio, pois a Bruxaria Tradicional é mais prática e depois desse período conteúdos mais avançados são aprendidos nos rituais e festivais).

PRÁTICAS: após tornar-se integrante oficial do clã (após a realização dos 3 estudos ocorre um ritual que oficializa isso) o oficiante não irá somente a estudos mensais teóricos, mas também a rituais de lua cheia (as datas são alinhadas com o dia em que ocorre o estudo do mês) e quatro festivais anuais (Imbolg, Beltaine, Lughnasadh e Samhain).


2. Outras Regiões do Brasil

Interessados/as de outras cidades e estados do Brasil que gostariam de fazer parte do Clã Trinovantes e da Tradição Britânica Continental. As inscrições estão abertas para (apenas para pessoas de fora de PE) participar do grupo à distância de formação e iniciação, o objetivo é levar a Tradição a outras partes do Brasil. Claro que haverão alguns compromissos presenciais que envolvem vindas a Recife que será acordado em diálogo com os interessados/as. Quem estiver sinceramente interessado/a, por favor, contatar o Magister Roberto para se inscrever na turma (o contato por ocorrer através do grupo citado a cima, pela página oficial do Clã no Facebook ou pelo perfil pessoal do Magister). 

As inscrições vão até 07/05/17.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

4 Casas

CORNIX - LUPUS - ANGUIS - RANAE



RELAÇÕES COM HARRY POTTER?

Depois de entendermos as 13 luas podemos compreender o que são as 4 Casas. Pouco se fala sobre elas, mas a escritora inglesa J.K. Rowling - com toda certeza - se inspirou fortemente no imaginário bruxo de sua região, vários elementos (muitos mesmo!) presentes nos livros e filmes de Harry Potter têm origem no folclore britânico. Obviamente a autora não foi totalmente fiel ao folclore, ela foi bem criativa, mas as referências foram o suficiente para conservadores cristãos que conheciam o folclore britânico temerem e condenarem suas obras e, principalmente, a transformação as mesmas em filmes.

 COMPARANDO...

Claro que nas Casas originais não existe essa questão de uma casa ser um aglomerado de gente que tende a ser boa e outra que inclui pessoas mais más, isso já foi uma abordagem meio maniqueísta da autora. A Casa da Serpente (posta no filme como "Sonserina") não é um "antro" de bruxos do mal, na verdade essa questão de a "serpente ser o mal" é algo bem cristão que tem suas referências no conto bíblico de Eva e o fruto proibido. Para nós a serpente é um símbolo de saber, mas, como cada uma das quatro Casas, há sempre um lado mais peculiar, cada casa possuirá o seu e a da Serpente não foge a essa regra. Fazendo uma breve comparação ilustrativa e lúdica poderíamos dizer que a Casa do Corvo corresponde a Grifinória (corajosos e determinados), o corvo está atrelado a batalha e a guerra, é a casa dos bruxos guerreiros que lutam pelos seus objetivos; a Casa da Serpente com certeza é correspondente a Sonserina (astutos e ambiciosos), a serpente está atrelada a dedicação ao saber, é a casa dos bruxos que se doam muito para obterem o conhecimento; a Casa do Lobo corresponderia a Lufa-Lufa (leais e companheiros), o lobo está atrelado a irmandade e ao coletivismo, não é por acaso que os lobos se organizam em matilhas e que o cão - animal de instinto semelhante - é considerado o "melhor amigo do homem"; a Casa do Sapo corresponderia a Corvinal (inteligentes e perseverantes), o sapo está atrelado aos mistérios da morte e da terra, geralmente os nativos dessa casa são os melhores em reconhecer o valor do ofício nas suas vidas e se dedicam a ele de forma muito valorosa.

CHAPÉU SELETOR

Claro que na Tradição Britânica nunca houve um chapéu pontudo que falava para qual Casa você pertenceria, essa foi uma bela invenção da imaginação da autora (creio). Na Tradição a lua que você nasceu aponta para uma das casas, o ano de 13 luas é tradicionalmente recortado em 4 fatias, apenas uma das fatias contém 4 luas enquanto as outras incluem 3 luas cada. Então quando o Magister do Clã faz o cálculo sobre a sua lua de nascimento muitos detalhes são revelados, desde sua fid, sua árvore/planta, ave, elemento, divindade regente e, inclusive, a Casa que você pertence dentro do Clã.

Cada Casa está atrelada a uma direção cardeal e é regida por uma divindade específica, esta divindade rege a Casa como um todo no sentido mágico, ou seja, a divindade regente (que rege a lua de seu nascimento) rege sua vida e personalidade, então você pode se dizer filho dela, mas a divindade que rege a Casa é mais que uma mãe ou pai, seu significado está mais atrelado o você dentro do ofício, tradição, clã, ou seja, você dentro da bruxaria, suas potencialidades mágicas. resumindo: persona - divindade lunar / ofício - divindade da Casa.

As Casas também estão atreladas a épocas específica do ano, isso explica a ligação das mesmas com luas específicas, e dá sentido as fatias temporais que mencionei a cima, alguns livros e blogs sobre a Tradição Britânica vão se referir aos signos das Casas apenas como 'regentes' de épocas sazonais e direções cardeais (identificadas pelas runas e constelações), pois o conhecimento sobre as Casas é algo mais restrito a forma de cada clã trabalhar.

REGENTES DAS CASAS

Casa do Sapo: Dôn (Mãe Terra ou Deusa Mãe)
Casa do Lobo: Dylan (Regente do Mar superficial)
Casa da Serpente: Cernunnos (famoso deus da virilidade e mistérios)
Casa do Corvo: Brigit (na Tradição Britânica é a deusa guerreira, a flecha de fogo)


CURIOSIDADE (Runas?)

Se você já pesquisou sobre BT sabe que é raro haverem sincretismos e, obviamente, uma Tradição Britânica possui uma ancestralidade e um folclore celta que se utiliza de símbolos como o triskle, trisketa, espirais e Ogam (fedha), mas e as runas presentes na imagem das Casas? Pois é, há um sincretismo histórico da Tradição Britânica com os anglo-saxões, inclusive, segundo Edred Thorsson, existe um futhark específico que é anglo-saxão. Runas são sim utilizadas em nossa Tradição.


- Roberto Trinovantes
Magister do Clã Trinovantes

terça-feira, 11 de abril de 2017

Nova Tribo de Dana (História do Clã)

DO WICCA À BRUXARIA TRADICIONAL


Para falar sobre o Clã precisarei falar um pouco sobre mim, pois fui - embora despretensiosamente - o ponto de partida da trajetória. A verdade é que nunca quis liderar, sempre quis ser liderado (hoje não mais), ou então que a liderança fosse só uma fase para um futuro, e harmonioso, coletivismo. Resumindo, nunca quis essa responsabilidade para mim, mas o destino me levou a ela de modo quase obrigatório várias vezes, nunca encontrei em Recife grupos receptivos e/ou que me cativassem com suas propostas de culto e práticas, por isso, me via na escolha singular de buscar uma perspectiva na qual me encaixasse, o que não foi fácil, eu mudei muito, transitei muito até alcançar a linha de chegada e - provavelmente - por isso fui muito mal interpretado pela comunidade neopagã. Eu comecei como wiccano, tinha 13 anos de idade, sozinho iniciei minha busca lendo revistas pouco confiáveis, não demorou muito até começar a fazer contatos pela internet, inicialmente compartilhava meus estudos apenas com uma amiga e com ela começou o que futuramente seria o Coven Nova Tribo de Dana. A ideia do Coven nasceu por volta de 2008, mas foi em 2010 que o considerei fundado com seus devidos integrantes e organização estrutural básica, e, embora estivesse no posto de líder, ainda tinha muito o que aprender, uma das coisas que precisava era saber liderar, mas eu não tinha nem 20 anos de idade, acredito que a imaturidade não ajudou.

Quando decidi extinguir o Coven estava, na verdade, entrando na minha jornada de transições, embora me sentisse completo trabalhando com deuses celtas, quis buscar outros panteões, filosofias e experimentos dentro do próprio Wicca. Como sempre, ansiava por não ser um líder, então nesse período passei por alguns grupos e cogitei entrar em outros que, embora tenham me influenciado, não permaneci e voltei a liderar um grupo wiccano chamado CEW (Círculo Eclético Wiccan). Nos utilizávamos do termo 'eclético' muito mais na perspectiva de mistura de panteões e não na perspectiva histórica do Wicca, novamente amigos me levaram a esta ideia, mas essa mistura toda me fez sentir deslocado e quis me enquadrar em alguma das vertentes do Wicca, sugeri ao grupo o Dianismo de Zsuzana Budapeste, dessa forma o CEW transformou-se em grupo de Wicca Diânico que incluía sete panteões diferentes em seu culto e, conforme nos aprofundávamos na filosofia diânica entendíamos que não precisávamos ser wiccans para tal. Nesse período nos referíamos a nós mesmos como "bruxaria diânica" e foi por conta dessa abordagem que algumas pessoas começaram a questionar ou sugerir que éramos um tipo de "Bruxaria Tradicional", realmente não tinha NADA A VER a "bruxaria diânica" com a Bruxaria Tradicional (não tinha e nunca terá!), mas isso despertou uma curiosidade gigantesca em mim e é graças a esta curiosidade que chegarei - no fim desta história - a minha linha de chegada.

Tal curiosidade me levou - enquanto líder do grupo - a promover estudos intensivos sobre Bruxaria Tradicional entre os integrantes, o objetivo era nos aproximarmos cada vez mais da coerência do que os havia sido sugerido, mas me apaixonei perdidamente pela Bruxaria Tradicional, me senti em casa, acolhido, enraizado... como se tudo estive, agora, encontrando o seu lugar e ficando mais claro, cristalino e - acima de tudo - encaixado. Notei de imediato que a BT era totalmente diferente do dianismo, então sugeri ao grupo uma nova transformação onde deixaríamos de ser neopagãos e passaríamos a ser bruxos tradicionais, mas claro que ainda tínhamos que estudar muito até isso ser real e não poderíamos mais possuir um grupo diânico. Os que estavam me acompanhando nos estudos sobre BT aceitaram tranquilamente, mas os ausentes se revoltaram contra tal modificação e, enquanto nos tornávamos um grupo experimental voltado para a BT chamado "Ordem Tradicionalista de Bruxaria Pentacular - OTBP" os outros abandonavam o grupo e registravam em cartório no título do grupo diânico como posse deles, não vou citar o nome do grupo, mas, se não me engano, até hoje eles têm uma page no Facebook se utilizando do título roubado.

A OTBP ainda possuía muitas referências neopagãs e esotéricas que tinham origem nos grupos que passei (ou observei) e nas fontes de conhecimento facilmente disponíveis, inclusive havia sido acusado de plágio por pessoas da comunidade neopagã por conta de tais referências (que eu julgava universal e não singulares ou originais de cada grupo). Uma das referências mais estranhas da Ordem era possuir culto em cinco panteões distintos que mais tarde - com a avanço dos estudos - tornaram-se Tradições (céltico-irlandesa, nórdico-islandesa, egípcia, ateniense e italiana), mas, infelizmente, a Ordem se tornou uma espécie de "grupo mediúnico" onde manifestar dons e incorporar espíritos era o foco de muitos (alguns fingindo, claro!) e isso se tornava a atração principal dos encontros tirando totalmente o foco dos estudos (que eram extremamente necessários para um grupo ainda cheio de coisas a modificar para se aproximar da BT). Logo a Ordem também foi extinta, estava em total desordem e cheia de brigas egocêntricas por poder e liderança, isso em razão de (eu) ter desejado dividir a liderança e tornar o grupo mais coletivista e/ou democrático, quando a bagunça se instaurou me vi obrigado a voltar a ser o único líder, mas não deu certo, fui acusado de ter "ambição de poder". Com o fim da Ordem aprendi que não posso fugir da liderança, creio que o destino estava tentando me ensinar isso com todos esses eventos. Mas não foi dessa vez que tornei a liderança uma "missão de vida".

Enquanto estive na Ordem fui aquele que resgatava as tradições por meio de pesquisas e mais pesquisas, noites a fio em claro, prazos estabelecidos, pressa e muita gente se chateando com as mudanças constantes. Me sentia muito sobrecarregado e solicitei ajuda muitas vezes, mas as pessoas sempre fraquejavam nesse aspecto, houveram apenas duas tradições que não ficaram completamente sobre minha responsabilidade: a do Baixo Egito e a Italiana (mais tarde tive que tomar posse da segunda por algumas razões) que foram inicialmente resgatas por outra pessoa (a do Baixo Egito totalmente). Com o fim da Ordem desejei me dedicar apenas a uma tradição, as pessoas que ficaram do meu lado estavam esperando um posicionamento de líder referente ao que seríamos agora, então optei por formarmos um grupo de estudos sobre a Tradição Nórdico-Islandesa em razão de ter sido uma das tradições que mais me dediquei enquanto estive na Ordem, minha paixão pela cultura celta persistia, mas me sentia afastado dela por algum motivo.

O grupo voltado para a Tradição Islandesa durou apenas meses, nesse período promovi um curso de runas, rituais e festivais reservados e, consequentemente, um estudo mais prático sobre os aspectos desse caminho. Mas 2016 foi um ano muito turbulento para mim nas questões pessoais, tinham decisões a tomar e coisas a organizar, e esta é justamente a palavra, organização foi o que faltou nos estudos e abordagens do grupo, fiquei tão saturado com a turbulência que se instaurou também dentro do grupo (além da bagunça que estava a minha vida) que joguei tudo pro alto, desisti dos aprendizes (alguns estavam muito revoltados, inclusive) e extingui o grupo. Era realmente o que precisava naquele momento no qual um namoro de 3 anos chegava ao fim, perdera amigos que faziam parte daquele relacionamento, desistia do curso que estava me graduando na universidade, entre outras coisas... Mas meus ex aprendizes não entenderam essas atitudes impulsivas e conspiraram para criar um novo grupo na mesma perspectiva e com os mesmos aspectos, embora só tenha durado meses (o grupo no qual eu os liderava), ou seja, eles sabiam de pouquíssimas coisas (principalmente no que se refere ao que é BT). Claro que nada justifica certas atitudes impulsivas, mas, comicamente, isso me trouxe coisas muito boas.

Voltando um pouco na história... a OTBP se organizava como um tipo de pirâmide onde o topo era a Tradição Céltico-Irlandesa (que foi a primeira a ser resgatada e estudada) e, por isso, desvendou-se o Clã Trinovantes que foi descoberto enquanto origem ancestral da maioria dos integrantes da Ordem (isso tem relação com a árvore genealógica e a migração dos celtas para Portugal e, posteriormente, de muitos portugueses para o Brasil Colônia - Nordeste muito bem incluso), por isso, o Clã era um núcleo de elite dentro da Ordem onde só os merecedores eram inclusos. Com o fim da Ordem o Clã ficou esquecido até o fim de 2016 quando tive um contato avassalador com uma deusa celta que marcou minha vida por muitos anos (Brigit), estava ainda tentado me reencontrar em meio as turbulências quando ela veio a mim e apontou o caminho, me orientou e falou sobre o Clã e sua importância, além, é claro, de esclarecer diversas coisas sobre ser líder e tudo o que passei. Então retomei o Clã em 2017 divulgando integrações periódicas e me aprofundando nas verdadeiras raízes tradicionais do mesmo, ou seja, a Tradição Britânica Continental.

Hoje tenho a liderança como uma missão de vida e tenho certeza que os deuses e o destino querem isso de mim, antes via como um fardo, hoje vejo como uma razão para prosseguir no politeísmo e na Bruxaria Tradicional (um isentivo a mais). A energia da Tradição Britânica me trouxe uma paz que nunca tive, uma tranquilidade interior que me permite observar tudo com mais calma e ponderação, acho que talvez esteja mais próximo da maturidade de um verdadeiro Magister (cargo de liderança na BT), acredito que a idade também ajudou, pois diversas outras escolhas pessoais também foram feitas com a mesma tranquilidade e observação. Tudo fez sentido quando fiz os cálculos tradicionais e descobri que, na Tradição Britânica, a deusa Brigit me rege na prática mágica, isso realmente explica como tudo começou no Wicca com a existência do Coven Nova Tribo de Dana e como tudo se encaixa agora na Bruxaria Tradicional com o Clã Trinovantes. Sinto que voltei ao meu lugar, às minhas raízes, ao meu lar, sei que precisei sair dele e aprender com toda essa jornada cheia de transições, mudanças e turbulências, creio que é isso que explica essa paz interna que sinto: estar em casa, pois o lar é sempre um lugar onde estamos acolhidos e protegidos. Obviamente não é mais um "lar" wiccano, o que faz me sentir em uma outra "casa", maior, mais organizada, com outros móveis, pintura, portas e cômodos, mas com algumas semelhanças, embora distantes, mas muito importantes. A essência do que era buscado no NTD é finalmente palpável no Clã Trinovantes.


Atenciosamente,
- Roberto Trinovantes